Sule pagoda in downtown Yangon, Myanmar with blue sky

O birmanês é a língua falada em Myanmar cujo nome foi Burma (em português: Birmânia) até 1989. Hoje, o nome oficial do país é República da União do Myanmar. Entretanto, alguns países como EUA e Reino Unido ainda utilizam a nomenclatura antiga, que é Burma.

A língua oficial do Myanmar é o birmanês. Portanto, não se confunda: o país é Myanmar e a língua é birmanês. O birmanês pertence à família das línguas sino-tibetanas, como muitas das línguas faladas nos países vizinhos como China, Índia, Tailândia, Nepal e até algumas partes de Bangladesh.

BURMA, YANGON, RANGOON, MYANMAR – (Photo by Peter Charlesworth/LightRocket via Getty Images)

O texto mais antigo registrado em birmanês aparece nas inscrições de Myazedi, a qual foi escrita em quatro idiomas diferentes: Birmanês, Pali, Mon e Pyu, no século 12, em Bagan. Como houve um grande contato com o Pali, língua do budismo Theravada, muitas palavras do Pali são utilizadas em birmanês. O birmanês também incorporou palavras de outras línguas estrangeiras, como o inglês e o hindi, como nas palavras Karr (car) ou ar loo (aloo), significando respectivamente, carro e batata.

Myazedi- Inscrições em birmanês


A escrita birmanesa é uma adaptação de um antigo sistema de escrita usado no sul da Índia no século III aC e conhecido como Brahmi. Variantes do sistema, com modificações para necessidades locais, são usadas para a maioria das línguas da Índia e muitas das línguas do Sudeste Asiático, incluindo tailandês, khmer, laosiano e javanês.


O sistema de escrita do birmanês é composto por 33 caracteres, dos quais 32 são consoantes. E cadê as vogais?- você deve estar se perguntando. As vogais são representadas por 25 símbolos adicionais para indicar vogais e consoantes mediais. Consoantes mediais são caracteres especiais que se juntam com as consoantes para modificar como estas consoantes são lidas. Por exemplo, a consoante medial ya pode ser adicionada ao caracter ma para fazer o som mya, como acontece na língua japonesa, por exemplo.


A maioria das vogais birmanesas possuem três tons: alto e curto, baixo e nivelado e alto e comprido. Também há um tom pausado, o qual é alto e bem curto, chamado wek (ဝဂ်, do Pali vagga). Outra característica interessante e peculiar deste sistema de escrita são as letras empilhadas. Estas letras empilhadas são oriundas do Pali e por isso, sua formação é um pouco mais complexa.

Window reflection of welcome sign at Mandalay International Airport, near Mandalay, Mandalay, Myanmar


A pontuação também outro item interessante no sistema de escrita birmanês.Não há tantas marcas de pontuação, mas eles são marcado diferente do estilo ocidental, obviamente, lembrando, às vezes, o sânscrito ou hindi. A vírgula, por exemplo, é marcada por um I, assim como o hindi marca o seu ponto final.


Dr. Adoniran Judson, um missionário americano que fez um estudo aprofundado da língua birmanesa, teorizou em seu livro GRAMMAR OF THE BURMESE LANGUAGE, publicado em 1883, que o alfabeto birmanês é uma modificação da antiga escrita Nagari, assim como o Pali, mas não seria uma modificação do sânscrito.


O primeiro livro birmanês intitulado Alphabetum Barmanum sev Bomanum Regni Avae Finitimarumque Regionum foi impresso pela primeira vez em 1776 d.C (ano civil birmanês de 1138) em Roma, por Typis Sacrae Congreg. de Propaganda Fide (Sagrada Congregação para a Propagação da Fé). Dizem que contém 60.000 caracteres tipográficos birmaneses. Já o primeiro dicionário de inglês para birmanês, foi compilado pelo inglês Charles Lane com a ajuda do príncipe birmanês Mekkhaya (မက္ခရာမင်းသား), sendo publicado em 1841.

Para quem se interessou pelo idioma e pelo Myanmar, aqui nos EUA temos diversas universidades que oferecem mestrado ou doutorado em Southeast Asian Studies, onde o pesquisador pode se aprofundar em questões políticas, culturais ou linguísticas do Myanmar. Dentre as universidades a oferecer este tipo de curso estão a Cornell University, Yale University, UCLA, UC Berkeley, etc.

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