
Quando Babur, o primeiro imperador mogol (Mughal), chegou em 1526 e derrotou Ibrahim Lodi para estabelecer o que se tornaria o famoso império mogol (Mughal) na Índia, trouxe p seu harém junto com ele. Para garantir a proteção das mulhere, foi criado o sistema de Urdubegis. As Urdubegis eram um grupo de mulheres armadas responsáveis pela guarda da zenana (recinto onde moravam as mulheres) e do próprio imperador.

A menção às Urdubegis pode ser encontrada desde os tempos de Babur e Humayun. As urdubegis eram treinadas no uso de armas de longo alcance, como arcos e flechas, lanças, bem como adagas e espadas curtas. Estas mulheres lutadoras tinham que ser confiáveis, leais e dedicadas, pois guardavam não só a imperatriz e todo o harém, mas também o imperador, garantindo especialmente a sua segurança no seu harém, o local onde ele passava mais tempo, uma vez que homens não eram autorizados a entrar e, portanto, onde o imperador estaria em uma situação mais vulnerável. Elas também garantiam a segurança das mulheres quando o harém se deslocava junto com o imperador nos momentos de viagens e excursões de batalha.
Kishori Saran Lal, em seu livro “O Harém Mughal”, descreve- “As Urdubegis da corte Mughal eram tão habilidosas no combate que, durante a guerra de sucessão, Aurangzeb rejeitou visitar Shah Jahan porque temia o uma guarda armada feminina fosse matá-lo”.
No entanto, numa época em que todas as mulheres Mughal se escondiam atrás do purdah, este clã de mulheres guerreiras tinha que sacrificar voluntariamente o uso do véu para cumprir as suas responsabilidades. Porém, algumas delas eram provenientes de tribos que não praticavam o purdah. Essas mulheres geralmente vinham dos grupos tribais Habshi, Tártaro, Turco e Caxemira. As mulheres da Caxemira foram especialmente recrutadas por não seguirem a regra do purdah.

Embora houvesse muitas mulheres valentes, sabemos apenas o nome de uma dessas Urdubegi: Bibi Fatima, que serviu como ama de leite do imperador Humayun, e mais tarde foi promovida a chefe dos Urdubegis por Akbar, reconhecendo seu serviço longo, altruísta e dedicado a seu pai até o momento de sua morte.
Este grupo de guerreiras dedicadas, leais e treinadas, sobre as quais tão pouco se sabe, fazia parte do complexo caráter e administração da zenana. A posição das Urdubegis, seu estatuto e legado enfraqueceram após a chegada dos britânicos e os Mughals foram eliminados da cena sócio-política. Suas narrativas foram apagadas em representações orientalistas e eróticas do harém, que passou a ser visto em grande parte como um playground sexual para o imperador Mughal.
Traduzido e adaptado do artigo original escrito pelo pesquisador Aadrit Banerjee, cujo link se encontra abaixo:https://enrouteindianhistory.com/the-urdubegis-female-guards-of-the-zenana-and-the-mughal-emperor/
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